quarta-feira, 9 de julho de 2008

Sem paciência para escrever

Caros leitores deste blogue, tenho andando sem paciência para escrever. Por isso peço desculpa!!!

sexta-feira, 21 de março de 2008

Jardim...
como diria a minha avó:
30 ANOS A OBRAR!

Esta é uma reportagem longa. Aos mais optimistas recomendo apenas que a encarem como um aviso. Um aviso sério. Esqueçam a criminalidade, o desemprego, a falta de formação, as pressões políticas, os compadres, os amiguismos. Esqueçam isso tudo, olhem apenas para o que nos reserva o futuro, pensem onde é que nos levará esta política de cimento e betão. Vale a pena ler cada linha. Em nome do futuro!

Retirado da edição online do Público de 2008-03-17
Madeira
17.03.2008, Alexandra Lucas Coelho
No Funchal agora vende-se a "Body.Mind.Madeira" das encostas desertas e continua a construção em massa. O Caniçal era um gueto e agora tem zona franca, via rápida, escolas e centros e continua um gueto. Na montanha, além do turismo de camioneta, há quem semeie e consiga respirar. A Madeira vista de três lugares, ao fim de 30 anos de Alberto João Jardim no poder. Alexandra Lucas Coelho (texto) Nelson Garrido (fotos)







Nove da manhã e botas de montanha. Mas nada de largar já o carro. Aqui é a baixa do Funchal e na era Jardim a montanha começa cada vez mais alto. Via rápida para a Madeira 2008: agora vê-se, agora não. Mar-túnel, céu-túnel, casas-túnel. Isto são os túneis para sair do Funchal. E o resto não é paisagem. Hoje, que Alberto João Jardim faz 30 anos no poder, é possível dar a volta à ilha em 100 túneis. No aeroporto alugam-se milhares de carros de cidade para andar sempre a direito. Só perdem fôlego na montanha, como o do P2 a subir para o Pico do Areeiro.
- A partir da cota 600 é que é - diz Raimundo Quintal, co-piloto deste sábado já quente.

Quintal aparece nos jornais do arquipélago sem apresentação. Porque foi professor de geografia de milhares de funchalenses, experimentou durante oito anos ser vereador do Ambiente, faz programas na rádio e na televisão e lidera o grupo de amigos do Parque Ecológico do Funchal, um parque que ele próprio criou quando estava na câmara e onde agora tenta replantar a vegetação original do Pico do Areeiro e arredores, motivando levas de voluntários aos fins-de-semana.

- A Madeira que se oferece ao turista apressado não tem piada nenhuma. É como Sintra, é preciso penetrar na serra.
Abaixo dos 600 metros vêem-se as casas cor-de-rosa "barbie" ou amarelo-canário cheias de varandins e de colunas que povoam densamente as encostas do Funchal e a costa sul da ilha, entre restos de hortas e bananeiras, velhos caminhos e entulho de obras.
- Houve uma fase de muito dinheiro dos emigrantes na África do Sul e na Venezuela que contribuiu para a construção - explica Raimundo.
Acima dos 600 metros deixa de se ver cimento. Ainda não é a floresta indígena que João Gonçalves Zarco avistou em 1419, quando o barco lhe descobriu a Madeira. Mas são pinheiros e eucaliptos, arbustos, mato. E de repente, no meio do verde, figurinhas coloridas em fila indiana, a saírem de grandes autocarros.
- Turismo - murmura Alberto Franquinho, que vai no banco de trás, com canadianas ao colo. Tem 75 anos e o pé magoado, mas não deixa de vir. Filho de um guarda-florestal, viu crescer estas árvores como a palma da sua mão.
Raimundo, que bem podia ser um árabe de pele curtida e barba branca, vai falando da freira, uma ave que vive no mar e nidifica aqui em Março. E a propósito de espaço aéreo ironiza em volta do projectado radar militar no Pico do Areeiro que servirá para defender a Madeira no âmbito da NATO.
É coisa para os árabes aqui ao lado, em Marraquexe, verem quase à vista desarmada. Vai ter 27 metros.
Dança da chuva
A meio da subida, o grupo concentra-se em alguns carros. No do P2 entra Inês Ribeiro, uma enfermeira de 46 anos que traz um bordão madeirense muito comprido mas leve. O dia parece Verão, o que é bom para quem passeia e mau para quem plantou.
- Vamos ter que fazer uma dança da chuva, porque só rezar não chega - diz Inês.
Nesta altura do ano as ribeiras deviam correr fortes, mas não. Como em toda a parte, também aqui chove menos, e juntando as alterações climáticas ao que o pastoreio intensivo comeu, ao que o fogo levou e ao que os homens cortaram dá "um deserto de montanha". É assim que o grupo de Raimundo descreve a paisagem actual no Pico do Areeiro.
A desertificação da Madeira começa em Gonçalves Zarco e vem por aí fora, séculos de extracção de lenha para queimar na produção de açúcar de cana. Assim desapareceu boa parte da Laurissilva, a floresta original.
- No século XIX, o governador civil José Silvestre Ribeiro percebeu que era fundamental voltar a ter árvores, manteve o que restava, e replantou estas encostas - aponta Raimundo, enquanto o carro continua a trepar entre eucaliptos e acácias.
Uns quilómetros acima, a 1630 metros, fica o Poço da Neve, uma espécie de iglu em pedra onde antigamente se armazenava o gelo. A gente das montanhas ia daqui com o gelo às costas, a corta-mato, até ao Funchal, lá muito ao fundo.
Aqui já se vêem encostas nuas, sem uma folha verde, as últimas de onde foram retirados rebanhos. Noutras, libertas de cabras e ovelhas há mais tempo, florescem tufos indígenas - piornos, massarocos, estreleiras, andríalas, urzes - , plantados pelo grupo de Raimundo, para recuperar "a biodiversidade dos píncaros".
Estas plantas funcionam como "banco genético e foco difusor". O vento alíseo vai dispersando as sementes pelas montanhas em volta e trazendo outras: armérias-da-madeira, plantagos-da-madeira, goivos-da-serra, leitugas. E depois vêm as borboletas e pássaros como o corre-caminho, que parece um pardalito.
Mas chegando ao pico do Pico, revela-se toda uma biodiversidade não indígena. Camionetas e camionetas páram no parque de estacionamento da antiga estalagem, onde ainda funciona o bar, e delas descem magotes armados de botas e bordões, gorros e máquinas fotográficas, mochilas e garrafas de água. Vão beber café de cevada ou uma poncha e depois dividem-se.
- Há os que vêem a vista e vão embora e os que fazem um percurso a pé - elucida Raimundo.
Os que vêem a vista acumulam-se no piquinho do Pico, a admirar o abismo. Os outros descem em fila indiana pelo trilho que leva ao Pico Ruivo. Seja onde for, são muitos. Tantos que um trio aparentemente dos Andes montou uma banca com artesanato, microfones, colunas de som e vai soprando flautas por cima do playback. A todo o momento podem ser corridos pela fiscalização, mas a quantidade de turistas deve compensar. O efeito geral é de feira.
Voltando as costas, o grupo de voluntários mete pelo mato, evitando tropeçar no gerador dos índios, disfarçado na folhagem.
Raimundo, que tem uma tese sobre plantas e jardins da Madeira, vai distinguindo cada urze.
- A Erica arborea, a Erica platycodon, a Erica maderensis...
A que o povo dá nomes mais práticos como urze molar, urze das vassouras, urze da madeira.
O grupo - dez pessoas, desde um oficial de justiça à skipper de um barco privado - anda entre as plantas, limpando aqui e ali.
- Para que estejam vivas tem dado um trabalho... Já trouxemos um auto-tanque até à estrada e andámos a regar.
A cabana
Hora de descer aos 1500 metros, até ao poiso do grupo.
- É uma cabana toda em madeira feita por um médico pioneiro das escaladas, o dr. Rui Silva, e comprámo-la por um preço simbólico, com um terreno de 5,3 hectares - diz Raimundo.
Os carros deixam-se na estrada, e o resto do caminho até à cabana faz-se a pé, passando frondosas uveiras-da-serra, uns arbustos que dão um fruto vermelho.
- Colhemos e fazemos compotas.
Uma forma extra de financiar as plantações.
A cabana é mesmo daquelas com toros de madeira. Junquilhos floridos à entrada, grande mesa improvisada ao ar livre, lá dentro uma salamandra com mais de cem anos, candeeiros petromax, sofás rústicos que também acolhem pernoitas de urgência, mini-casa-de-banho e mesmo um engenhoso duche oculto por painéis de madeira: um abre para cima, fazendo de tecto, com o chuveiro; o outro abre para baixo, fazendo de chão, com chapa de zinco e escoadouro.
Tudo isto viram Lucy e Lara dos Passos, filha e neta do escritor John dos Passos, quando vieram percorrer as raízes madeirenses. No livro da cabana escrevem em português que a visita lhe deu "um prazer que nem o aire fresco pode extinguir".
Paulo Sérgio, 48 anos, o oficial de justiça, e Fernando, 47, engenheiro civil, estão já armados de podoas, as foices com que agora o grupo vai limpar um caminho para Norte, até à Levada do Blandy.
As levadas são os canais que os habitantes da Madeira foram abrindo para levar água das nascentes altas até aos campos. Representam uma formidável intervenção humana, comparável aos socalcos do Douro. Existem centenas de levadas, numa extensão de 1400 quilómetros, e percorrer esses caminhos nos seus pontos de sol e sombra, por dentro da vegetação e por dentro da montanha, é uma boa forma de querer voltar à Madeira.
Quanto aos Blandy, são uma grande família inglesa, daquelas cinco ou seis que há cem anos eram senhoras de tudo. Continuam a ser senhoras de bastante, no caso dos Blandy por exemplo do Palheiro Ferreiro, que é um hotel e um golfe, mas sobretudo um jardim de espécies exóticas e mais cameleiras do que alguém pode conhecer numa vida.
A Levada do Blandy foi aberta justamente para levar água a esse jardim.
E no início da descida Raimundo vai mostrar como o basalto fissura e deixa passar água, que o grupo recolhe.
- A precipitação vai diminuir entre 20 e 30 por cento, e temos que aproveitar a que cai. Mesmo no Verão, recolhemos mil litros por dia.
O céu mudou e desceram nuvens. Adiante, há um miradouro natural onde em dias claros se vê Porto Santo. A Madeira não tem areia amarela, e Porto Santo é a praia do arquipélago. A expansão hoteleira segue lá como cá. O Grupo Pestana anuncia a abertura do seu 5 estrelas em Porto Santo já para esta Primavera. Paulo Faria, director Regional do Turismo, disse ao P2 que em 2008 estão previstas mais 3207 camas no arquipélago, 1800 das quais no Porto Santo.
São números destes que fizeram Raimundo rejeitar um convite para um colóquio na ilha em frente e o levam agora a dizer:
- Constrói-se sobre a duna e depois fazem-se colóquios para avalizar cientificamente isso.
Poder e contra-poder
Para Raimundo, este grupo de voluntários representa uma alternativa segura ao poder estatal.
- Em 1997 tive uma bolsa de estudo americana e fui ver parques naturais. Os de maior sucesso tinham sempre voluntariado. Quando voltei sugeri a criação deste grupo, que não se compadece com períodos eleitorais. A melhor maneira de garantir perenidade é chamar a sociedade civil.
Raimundo foi eleito presidente do grupo quando deixou de ser vereador.
- Dois mandatos chega. É para ninguém se habituar ao poder.
Ter integrado como independente uma câmara PSD - como são todas na Madeira - valeu-lhe a princípio ser acusado de cedência ao poder, e continua a gerar algum cepticismo.
Paga-se um preço por estar contra o poder, mas também se paga um preço por estar ao lado do poder. E esses preços são altos quando o poder é poder há 30 anos e ainda há dias teve 99,7 por cento numa eleição interna.
Aqui entre as urzes parece outro planeta. Fins-de-semana assim são uma forma de respirar. Raimundo está com 53 anos e nem quer pensar como será um dia já não poder andar aqui.
Agora o trilho entra pela floresta, e é outro planeta ainda, com líquenes e nevoeiro, chão de folhas e musgos. Canta um pássaro que será um tentilhão. Diz quem sabe que é demasiado forte para ser um bis-bis.
Emergindo da floresta, o grupo senta-se em pedras a beber vinho da Madeira. Raimundo, discípulo de Orlando Ribeiro em Lisboa, conta histórias pouco ortodoxas do grande geógrafo.
Entre maçãs e pão com queijo, alguém nota que a Madeira de Jardim tem duas horas de extensão. Isso custou 1,8 mil milhões de euros em túneis e 135,7 quilómetros de via rápida, da Ponta do Pargo (Ocidente) à Ponta de São Lourenço (Oriente).

O lado de lá

Para chegar ao extremo oriental da ilha passa-se um túnel de mais de dois quilómetros. Do lado de cá fica o Machico - historicamente, a segunda cidade -, do lado de lá fica o Caniçal. Antes deste túnel moderno havia outro, e antes de haver esse só se chegava ao Caniçal de barco ou escalando. Ou seja, o Caniçal sempre foi o lado de lá da montanha - uma povoação de pescadores isolada, com uma tradição de consanguinidade que deu origem a características fisionómicas próprias.
E foi aqui que nos anos 80 Jardim instalou a Zona Franca Industrial da Madeira, um enclave com benefícios aduaneiros, fiscais e económicos para atrair empresas.
Agora o Caniçal é tudo-em-um. O que era, o que tentam que seja e o que não conseguiram que fosse. Tem pescadores zangados, professoras primárias esforçadas, mães de toxicodependentes sem medo e um gerente da zona franca que fala em 300 postos de trabalho para gente do Caniçal, embora no Caniçal também se diga que a zona franca criou desemprego. Também há quem diga e assine que serve para despejar o lixo do Funchal. Depois muita gente diz, mas não assina, que serve para lavar dinheiro.

E o estigma continua.
- Não estou a ver nenhum madeirense a desejar viver no Caniçal, por um passado ligado à toxicodependência, que também é presente - diz Laiz Vieira, 37 anos. É do Machico mas dá aulas na Escola Básica 2+3 do Caniçal. Entra às 10h, e antes está a tomar um café com o P2 num dos muitos cafés-snack-bar da povoação.
Aqui há medo de falar "por causa das represálias", das "bilhardices", do diz-que-diz. Muita gente toma anti-depressivos. As raparigas começam a namorar aos 13, 14 e se não têm namorado aos 20 são "encalhadas". O estatuto de virilidade é ser trabalhador, ter um carro para mostrar.
- Há uma desvalorização muito grande da escola e do conhecimento e penso que os professores são uns heróis, porque não se quer aprender. As pessoas da comunidade estão apáticas, anestesiadas.
Esta escola fica a meio de uma rua íngreme, com palmeiras de cada lado, batida pelo vento que sopra muito nesta ponta da ilha. É um edifício novo, com vista para o mar.
Mais ao fundo, o Centro de Saúde, reluzente de novo, sala de espera com cadeiras alinhadas e televisão. Há um burburinho com a presença dos jornalistas e a enfermeira Conceição Andrade vem dizer que ali ninguém pode responder a qualquer pergunta sobre os problemas de saúde mais frequentes no Caniçal porque o centro depende do Machico e as ordens são para o Machico responder.
Logo a seguir está o Centro de Segurança Social, reluzente de novo, sala de espera com cadeiras alinhadas, chão de mármore. A funcionária explica que a única assistente social desta zona oriental da ilha não está porque também assiste o Machico, e só vem aqui uma vez por semana.
Do teatrinho ao porto
A outra escola da vila é a pré-primária e primária. Também é nova, como prova a placa da inauguração por "sua excelência Alberto João Cardoso Gonçalves Jardim", no dia 2.10.06.
Dirige-a a hospitaleira Filomena Alves, 46 anos, que arranja tempo para falar ao P2 entre correr a buscar uma gaze para um miúdo que sangra e a preparação de um teatrinho. O ambiente geral parece alegre e colorido. O pátio tem vista para o mar. As crianças brincam ao sol.
- Temos informática, música, desporto, inglês... - enumera Filomena.
Está sempre risonha, e para cada problema tem uma atenuante.
- Sim, há mães solteiras, mas ainda temos as avós que tomam conta deles. Conseguimos ter muito acompanhamento das famílias. Sim, temos jovens que foram nossos alunos a pedirem moedas e já se ouve dizer que houve um roubo aqui ou acolá, mas ainda se vê gente a deixar a casa aberta enquanto vai ao supermercado.
Do pátio vê-se bem a montanha que antes as pessoas tinham que trepar, se não viessem pelo mar.
- Havia muitos casamentos entre primos, agora já não.
Agora o Caniçal já tem uns cinco mil habitantes e muita gente que vem e vai.
Mas no resto da ilha continua a identificar-se logo alguém do Caniçal. Como? Filomena, que aqui nasceu, ri-se e não sabe explicar.
A conversa passa para a zona franca, para o problema da droga, para o que mudou ou não, quando aparece o presidente da junta do Machico (PSD), Ricardo Sousa, a quem Filomena logo pergunta como são os do Caniçal. Ele pensa e desiste.
- São do Caniçal. Vê-se logo.
Pensa melhor:
- Para já, são mais escuros.
Filomena concorda, e toda a gente à volta parece comprová-lo.
Mas mais não conseguem dizer.
E quando a conversa anterior regressa, Ricardo diz logo:
- Droga? É um problema grave no Caniçal.
Nisto aproxima-se o professor de educação física Nelson Calaça e Filomena apresenta a ambos os jornalistas do PÚBLICO.
O vereador salta:
- Ui! Do PÚBLICO!
E o professor de Educação Física:
- Problemas há em todo o lado.
Filomena resume:
- A zona franca trouxe emprego e uma dinâmica de comércio.
Nelson remata:
- Porque vieram muitos forasteiros e o porto começou a funcionar aqui.
E todos se despedem porque vai começar o teatrinho.
Bom lugar para ver o porto é o Bar Amarelo, mesmo diante dos barcos da faina do atum. O anfitrião é Miguel Alves e o café já vem do avô, Manuel, justamente pescador de atum. Agora a esplanada é moderna, com cadeiras de alumínio, mas os pescadores ainda aqui se juntam.
A seguir ao porto é a zona franca, sobre a qual Miguel não hesita:
- Foi a pior coisa que fizeram. O Caniçal tem a melhor frente de mar da Madeira e estragaram tudo. Havia fábricas têxteis que fecharam. Agora tem uma lavandaria industrial que dá alguns empregos.
Na esplanada, o pescador-armador Fernando Alves, 54 anos, aponta os barcos.
- Noventa por cento dos atuneiros da Madeira são açorianos.
Flor do Pico, Ponta Delgada; Cabo do Mar, Praia da Vitória; Mestre Afonso, Horta.
O que Fernando Alves pergunta é:
- Onde estão os barcos da Madeira? Os armadores madeirenses têm poucos apoios.
A última edição do quinzenário satírico O Garajau dizia na primeira página que "descarregar um navio no porto do Caniçal custa seis vezes mais do que nos Açores".
Fernando Alves já disse o que acha que pode e mais não diz.

Rosa do Caniçal
De manhã, antes das aulas, Laiz perguntara a Rosa se queria falar com os jornalistas do continente e Rosa dissera que sim. Rosa é técnica de biblioteca na escola de Laiz e vai sempre almoçar a casa com o filho. É por causa deste filho que Rosa quer falar. E é melhor falar em casa, diz.
A casa de Rosa tem centenas de plantas no pátio que ela mantém verdes e vivas - há pessoas assim. O filho vem recebê-la com uma t-shirt de Bob Marley. Rosa não gosta e diz. Acha que incentiva a droga. E a droga é o problema do filho dela e de vários alunos que ela ouve na escola, porque eles lhe contam. Fala como quem precisa de falar, afastando o centro de mesa da sua sala decorada com bibelôs e uma paisagem tropical.
- Já digo que parece uma feira da droga, é de venda livre. Mas eles são muito espertos, sabem que as nossas leis são péssimas, nunca andam com muito. Depois claro que a polícia não faz nada. Há anos e anos que comecei a ver o problema da droga aqui e contactava com a polícia, mas não há uma união na polícia, há inveja entre as forças. Também não há vontade política para acabar com a droga, cada vez vejo mais traficantes a vender. Tanto vêm aqui comprar como vender, vêem-se pessoas a enriquecer e ninguém faz nada para ver de onde vem essa riqueza. Há uns anos fiz duas manifestações, o meu filho andou na droga também, há uns que roubam tudo, ele não faz isso. Haxixe, heroína, cocaína, a gente vê-os nos carros, nas furgonetas, mesmo aqui ao cimo desta estrada, no Bar Fonte Palmeira, basta estar lá umas horas, quando chega alguém e traz a droga eles vão para a vereda. Isto apanha desde os 12 anos até qualquer idade, mais os rapazes. Sei de muitos que vão ao centro de saúde do Caniçal buscar a dose de Antaxon e se continuam a drogar. Uma vez levei um artigo para o jornal, mas queriam diminui-lo e eu tinha tanta coisa para dizer, não podia ser pequenino. Há cinco ou seis anos fui a pé com cartazes pelo Caniçal, com umas 50 pessoas. O que me revolta é que nunca apanhem os que estão por trás, vão a tribunal e vêm embora. Na escola os miúdos contam-me que há bares que vendem shots aos miúdos, e há miúdos que vão drogados para a escola.
A zona franca, diz, não mudou nada para melhor.
- Trouxe o lixo para o Caniçal, todo o lixo que havia no Funchal, contentores, fábricas de farinhas. Veio criar emprego mas criou mais desemprego porque as fábricas que abriram fecharam, e as pessoas que antes estavam em casa agora estão no desemprego. A zona franca também veio trazer poluição, vê-se o fuminho a subir. Há muitos miúdos com asma, com problemas respiratórios.
E o vento que sempre sopra leva essa poluição para as encostas.
Não tem medo, Rosa?
- Tenho algum medo, mas eles também têm medo de mim.
Eles, são os da droga.
- A política não ligo. Mas se nos calamos acabamos na mesma correndo riscos.
No alto do Caniçal, o Bar Fonte Palmeira tem o tecto decorado com franjas prateadas de papel, heavy metal a tocar, máquinas de jogo, e um fundo escuro, como de noite. Na esplanada há um grupo de mulheres, e na esquina, entre a estrada e umas escadinhas que sobem para o casario, sentam-se ou vagueiam rapazes magros e macilentos. Um aproveita o espelho lateral do Mercedes cabriolet estacionado mesmo em frente para espremer uma borbulha, outro de boné aproxima-se de um Saab azul-brilhante guiado por um homem de bigode, que avançou, recuou, voltou a avançar e parou, com um braço de fora do vidro. Fica o homem a olhar em frente e o rapaz encostado ao muro a olhar para o chão e falam como se não estivessem a falar. Depois o carro vai embora.
- Aqui não há nada para ver - diz o do boné, quando o P2 mete conversa.
Vista do céu, a zona franca ocupa tanto espaço como a própria vila. São silos de cereais, reservatórios de gás, depósitos de fuel, armazéns e 48 empresas, segundo informa Paulo Teixeira, gerente da divisão administrativa, que sobe com o P2 a um miradouro.
Neste momento, diz, fazem-se aqui massas, bolachas, moagem, conservas ou complementos de peixe, plásticos, cimentos, ensacagem de açúcar, fabricação de rebuçados, metalomecânica, reciclagem.
- Dos 800 postos de trabalho, cerca de 300 são pessoas do Caniçal.
Porque é que as pessoas falam tanto das fábricas que fecharam?
- Porque eram de têxteis e o encerramento dessas empresas acabou por provocar algum vazio. Essa mão-de-obra é não qualificada e esbarra depois com outras com qualificações necessárias.
Body.Mind.Madeira.
É improvável que o turista passe tempo no Caniçal. Mais certo será que aterre, alugue um carro, venha pela via rápida e páre no centro do Funchal para ir ao Turismo. Estaciona onde houver lugar, possivelmente no parque do novo Dolce Vita -16.000m2 de centro comercial, hotel, escritório e apartamentos em plena zona histórica -, e vai a pé até à marginal. O céu está azul, as árvores em flor, os autocarros são amarelo-torrado, os táxis também, há ingleses e alemães sentados em cadeirões de verga nas esplanadas e o turista tira o casaco porque se está bem de manga curta e ainda vamos no começo de Março. No Turismo dão-lhe um guia e um mapa que são a imagem de como a Madeira agora quer ser vista, com a costa oposta ao Funchal, sem túneis, sem cimento, e essa Madeira escarpada, toda mar e verde é a "BODY.MIND.MADEIRA".
Ou a "Madeira spa", como diz Luís Vilhena, arquitecto lisboeta transplantado para o Funchal há 20 anos, onde casou, teve filhos e foi representante da Ordem dos Arquitectos até há meses.
- Aqui, o modelo de turismo foi copiado do sul de Espanha, grandes hotéis com vários serviços e algumas excursões em massa, com os quartos a descer para o mar e depois umas piscinas. Há dois, três anos começou o "body.mind.madeira", mas já só conseguem fotografar a Costa Norte, a única onde não há nada.
Esta conversa acontece na Baixa do Funchal, pouco depois de a Assembleia - um pequeno anfiteatro que parece de brincar - ter encerrado mais cedo os seus trabalhos da semana porque o PSD pediu um intervalo de meia-hora que caía estrategicamente em cima do fecho. Assim, é sexta-feira à hora de almoço, os senhores deputados só voltam a reunir terça e está calor para um mergulho. A vida corre doce no Funchal, para quem gosta e pode.
Durante 200 anos gostaram e puderam os ingleses - os Blandy, os Leacock, os Welsh -, que aproveitaram o bom que havia, mantiveram os filhos a estudar no estrangeiro e até hoje falam português com sotaque.
Depois do 25 de Abril, pôde Alberto João Jardim, desde que expropriou propriedades simbólicas como a Quinta da Magnólia que era o British Club - e continua a poder.
Da Madeira para o mundo, singraram Berardos e Pestanas, muitos imigrantes construíram e a maioria dos que não partiram nem voltaram manteve uma mentalidade que alguns definem como "subjugada". Vinha dos ingleses e Alberto João entendeu-a bem.
Os últimos 30 anos resultam da democracia, da autonomia, dos milhões comunitários e do estilo peixeirada-e-manguito do negociante Alberto João, um intuitivo. E quem não gosta, na maioria das vezes, não o diz publicamente.
Uma das excepções é Luís Vilhena, que tem olhado para estes 30 anos do ponto de vista urbanístico e de ordenamento do território em textos críticos no Diário de Notícias da Madeira, e resume a política recente como "preguiçosa e populista".
Num arquipélago sem muito património notável, há alguma herança arquitectónica do século XX, Ventura Terra, Chorão Ramalho, até um projecto de Oscar Niemeyer desenvolvido por Viana de Lima (o agora Pestana Casino Park Hotel, um monumental bloco curvo em forma de vírgula, assente em pilares).
- Há uma busca permanente de modernidade na Madeira - resume Vilhena.
Depois, o boom da construção acontece à margem dos arquitectos.
- Há muita auto-construção, muitos clandestinos que acrescentam andares em cima e em baixo. É o fenómeno das favelas. Politicamente é difícil desbastar isto. As próprias juntas de freguesia distribuem sacos de cimento para as pessoas acabarem as casas.
Como falta de planeamento estratégico, Vilhena dá o exemplo dos centros de saúde, um dos orgulhos do regime.
- Todas as freguesias têm um, mas foram localizados tendo em conta a rede viária antiga. Encurtaram-se as distâncias mas não se reduziram os equipamentos.
Este discurso não o ajudou a ser eleito nas últimas autárquicas, em que se candidatou como independente pelo PS. Vilhena diz mesmo que o prejudica a nível profissional.
- Os meus projectos são vistos à lupa. Também disse numa entrevista que os políticos eram alérgicos a planos urbanísticos porque lhes dão logo menos margem de manobra.
E com isto irritou não só os políticos como os colegas.
- Há 150 arquitectos na Madeira e só eu é que dou a cara. Telefonam e dizem: "Tens que denunciar!" Até nem me importo de ir à frente levar pancada. Mas convém olhar para trás para ver se vem alguém. Já não é preciso haver censura, as pessoas auto-censuram-se.
Na Madeira, diz Vilhena, há chefes em vez de haver decisores. Os intelectuais não intervêm. Todas as associações profissionais estão nas mãos do PSD, da pequena banda às 11 câmaras, dos engenheiros aos arquitectos e Alberto João é a tampa do vulcão.
- Porque não existe só um PSD, mas vários, ligados a diferentes interesse económicos, e há lutas. Quando Alberto João desaparecer, será a guerra fraticida.
Entretanto, bom e mau misturam-se na hora de votar. Como separar aquilo que foi a democracia, aquilo que foi a Europa e aquilo que foi Alberto João? O que os eleitores sabem é aquilo que vivem e têm. A via rápida não são só estradas e túneis. São os centros de saúde, de dia, de segurança social e escolas acabadas de inaugurar.
- As pessoas não vivem mal, sentiram grandes mudanças nos últimos 30 anos e aqui é tudo o Alberto João, a generalização do ensino, as casas, tudo é identificado com ele.
Do cais da cidade, voltando as costas ao mar, vê-se o Funchal em anfiteatro e é fácil perceber como foi crescendo, de baixo para cima, e de nascente para poente.
- Não é uma cidade de monumentos, mas a escala e o verde tornam-na muito agradável.
Uma escala de edifícios baixos, um verde que começava no início da encosta. Agora toda a encosta está construída.
- A partir dos anos 80 a escala começou a ser subvertida, com ampliações, destruição do património e substituição por edifícios que destroem a escala e o carácter da cidade, como o Dolce Vita.
A cinco minutos daqui, na Baixa, é possível encontrar imagens desse Funchal de presépio, com casinhas e paquetes a chegar, nas fotografias da velha tipografia na Rua da Carreira, só para peões.
Subindo pela marginal em direcção à zona dos hotéis, o Savoy é hoje um susto cor-de-salmão. O velho Reid"s mantém-se uma instituição mas também foi pintado de salmão. Nos quilómetros seguintes sucedem-se massas de varandas em cascata e torres dos anos 70 com janelas de alumínio e tapetes verdes sintéticos à volta de piscinas. É um passado-presente-futuro, porque nos quilómetros seguintes prossegue a construção em massa.
Byrne esmagado
Luís Vilhena sugere um desvio positivo, para a Estalagem Quinta da Casa Branca, que ganhou o prémio de arquitectura do Funchal, há 10 anos. Pertence aos Leacock, que venderam uma parte em cima do mar a Dionísio Pestana, para que o líder do maior grupo hoteleiro português aí construísse a sua casa, e do resto fizeram uma estalagem de raiz, mantendo a casa antiga, os jardins, os caminhos, o bananal.
Como o Palheiro Ferreiro, dos Blandy, é um exemplo de hotelaria à altura do melhor que houve.
- O Savoy antes era um hotel engraçado. A Madeira já foi isto, as quintas transformadas em hotéis
Andando para poente, fica a zona do Lido, que é a maior concentração de hotéis.
Um dos gigantes, o Tivoli, desce em cascata pela encosta. Vilhena aponta um pequeno edifício em baixo, esmagado pela monumentalidade do hotel.
- É a estação de biologia marítima do Gonçalo Byrne. Parece a casota de cão do hotel. É um edifício da câmara e depois a câmara deixa construir isto aqui por cima. Eram tudo bananeiras por aqui fora.
Ao lado da estação de Byrne vê-se uma ruína que era para ter sido um aquário e residência para cientistas. Tudo abandonado. Agora ao lado do Tivoli está, em fase de andaimes, mais um imponente Pestana.
E a partir daqui é a Ajuda, que podia ser a Damaia ou a Maia, mas amontoada em prédios rosa-amarelo-laranja de sete ou oito andares em cima uns dos outros para caberem numas encostas ainda com restos de bananeiras, passeios onde não passam duas pessoas, ruas que vão dar a rampas de garagem.
- É a incongruência em termos de espaço público. Não houve planeamento e o Alberto João tinha nas mãos ter obrigado as câmaras a planear as suas cidades.
Além disso, diz, o governo criou as Sociedades de Desenvolvimento que fizeram da Madeira um estaleiro.
- Piscinas, centros cívicos, apoios balneares, centros culturais, até restaurantes, substituíram-se à iniciativa privada. E a maior parte deles são elefantes brancos.
Na parte de cima deste bairro, subindo pelo Caminho do Amparo, há hortas, habitação social, mulheres com sacos de plástico à espera do autocarro, adolescentes de cabelo cortado à Cristiano Ronaldo, velhos Fiat 127 com ferrugem. Em frente à Igreja de São Martinho, contentores a transbordar de lixo. Deste miradouro até ao mar, está tudo construído, convulsa e avulsamente, com todas as cores e umas volumetrias a esmagarem outras. E na base, os hotéis, recentes e por vir.
- Ao mesmo tempo que o Turismo faz a apologia do "body.mind.madeira". - resume Vilhena.
O P2 levou a contradição a Paulo Faria, director Regional de Turismo, que a explica assim:
- A Madeira sempre foi um destino de natureza, mas tem uma tradição de 200 anos a receber turistas e tem que ter unidades de quatro e cinco estrelas. Quem nos visita disfruta de um ambiente citadino e para a frente a aposta é nas unidades no espaço rural e em requalificar as unidades hoteleiras antigas.
E quanto à massa de construção não-hoteleira?
- Existem planos e são respeitados. A construção é para satisfazer as necessidades da população. Há uma concentração no Funchal, se calhar excessiva, mas mantemos dois terços do território em parque natural.
Via rápida e túneis, assegura, também não prejudicam o turista.
- Mantêm-se as estradas tradicionais para quem quiser.
E os hoteleiros, que dizem?
Dionísio Pestana não esteve disponível, mas António Trindade, dono do segundo grupo da Madeira (Porto Bay Hotels & Resorts), acha que não há construção a mais.
- A Madeira tem 28 mil camas de hotelaria para 248 mil habitantes, o que é uma proporção excelente. A Grande Canária tem 500 mil habitantes e tem 350 mil camas.
Segundo este hoteleiro (pai de Bernardo Trindade, actual secretário de Estado do Turismo no Governo de Sócrates), a Madeira, por não ter praia, tem três atracções:
- Mar, interior da ilha e cosmopolitanismo. Nice, Cannes e muitos destinos italianos vivem da oferta da mini-urbe e o Funchal sempre viveu disso.
Não que Trindade não tenha críticas a fazer ao PSD/Madeira.
- Governo e câmaras têm sido demasiado permissivos em relação a planos de ordenamento.
E directamente ao homem que há 30 anos assumiu o poder:
- Alberto João teve um grande protagonismo na canalização de fundos e o facto de haver dinheiro a mais para a Madeira permitiu desenvolvimento também no sector privado. O problema é a perspectiva totalitária da presença de Alberto João no poder. Este homem representa 80 por cento do investimento e 24 por cento do emprego. Ao criar estes desenvolvimentos tentaculares, a sua visão nunca foi criar sustentabilidade para investir no sector privado. As coisas aconteciam porque o dinheiro existia. Não se cumpriram planos de desenvolvimento e ordenamento e houve uma visão antagónica do sector privado.
A outra ilha
Pelos caminhos de Ricardo Jardim (nenhum parentesco com Alberto João) não passam autocarros de turismo. Não passaria mesmo o carro do P2, se ainda aqui andasse. Com Ricardo, 42 anos - um experiente montanhista, que já guiou pequenos grupos e chegou a dar formação aos bombeiros para resgate de caminhantes -, vai-se num velho jipe por estreitos trilhos de pedras que levam a vales de Laurissilva onde há árvores com mil anos.
- O centro da ilha, é como se pegássemos nos Alpes e os concentrássemos.
Descendo para Norte, a paisagem é soberba, muito mais despovoada que a Costa Sul.
- Aqui, na meia encosta, já faz lembrar os Andes.
Grande lauráceas, belos vimes cor de ferrugem, amendoeiras em flor.
Lá em baixo, na Ribeira de São Jorge - onde ainda se almoça barato numa velha casa de madeira com telhado em colmo -, há um trilho na escarpa, ao longo do mar que os pescadores usam quando o mar está manso. Mas à beira do trilho, foram construídas umas piscinas flamejantes, brutais.
- Fazem isto porque é isto que o povo gosta e é assim que ganham votos, é um círculo vicioso.
Como as excursões na natureza, critica Ricardo.
- Um autocarro de turismo destrói o silêncio da montanha. 50 pessoas em fila numa levada é uma estupidez. Devia haver restrições às agências para não organizarem estes percursos. O Parque Natural, que inclui as Desertas e as Selvagens, foi criado muito cedo e ainda bem. Não sei se hoje teria resistido.
E se Ricardo elogia o trabalho do Parque Natural, critica as intervenções da Direcção das Florestas.
- Andam a ser feitas obras de recuperação de veredas e levadas e estão a meter cimento, tubos de canalização e excesso de vedações. Se arranjarmos demasiado os caminhos, é um convite ao turismo de massas. Fizeram um atentado no Pico Ruivo, com uma plataforma de madeira digna de uma feira. Aquilo não é um jardim público para embonecar.
O secretário regional do Ambiente, Manuel António, diz que só se usou cimento nos pontos sujeitos a maior pressão:
- O princípio é respeitar, só pontualmente se utilizam esses materiais para garantir segurança e conforto de utilização. E grande parte do efeito visual será consumido pela regeneração natural dos espaços. Se não fosse assim teria de se limitar muito a sua utilização.
É o que Ricardo defende, mas o secretário regional não concorda:
- Pergunte a essas pessoas se elas próprias estariam disponíveis para visitar a serra metade das vezes.
No trilho da Ribeira de São Jorge, ondas de 10 metros quase chegam à ponta do trilho, de onde os pescadores lançam o barco. Há um pescador lá ao fundo e mais ninguém. É esta costa que dá a cara à campanha "body.mind.madeira". Montanhas, cascatas, grutas, o mar. Aquilo que o governo humano não gastou, ainda.

terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

Madeira
Bexiga não intervém no Parlamento

Soube há pouco, que o Deputado do PND não compareceu ao ínicio dos trabalhos da Sessão Plenária de hoje e para onde estava marcada uma Declaração Política da sua autoria.

Bem prega Frei Tomás...

Será que assim fica empate?


Aviso desde já que a foto foi colhida no Açoriano Oriental e corresponde ao próprio. O bigode estava no blogue da individualidade. Foi só escolher de entre as dezenas de vezes que a foto do líder do seu partido aparece com este adereço, cortar e colar.
Depois de tentar perceber a insistência persecutória com que este fulano exerce o seu tão proclamado direito à liberdade de expressão em relação a determinada personalidade, fico a pensar... qual será a razão do processo disciplinar?

domingo, 3 de fevereiro de 2008

Agência Regional de Emprego (JSD)
bombinhas de carnaval?


Fiquei surpreendido com a notícia avançada há pouco pelo Telejornal da Madeira, a "JSD vai promover um programa de candidaturas a estágios nas instituições europeias".
Indo ao site da JSD e lendo as letras pequeninas:
O Estágio é dois meses (não sei o que se consegue aprender em dois meses...), um mês na Madeira e outro no Parlamento Europeu; Afinal foi uma renovação. O protocolo é do ano passado. O número de vagas é limitado a três por ano. Uma delas para os participantes da "Universidade J".

Confesso que a iniciativa até nem é má. É sempre um príncipio. Só que não é inédita, o Deputado socialista Emanuel Jardim Fernandes também o faz e por um período de tempo mais aceitável (julgo serem quatro meses) e não faz parecer que as portas do PE abrem-se para uma manada de jovens madeirenses estagiarem.

Enfim, Sra. Presidente, como sempre da sua parte publicidade enganosa, bombinhas de carnaval... afinal o que interessa é aparecer!

P.S. - Pesquisem no youtube "gato fedorento detector" e verão as semelhanças desse anúncio com esta notícia, afinal eram só umas gotinhas...

Telejornal da Madeira
Não acertam uma...


Nem sempre o ditado "mais vale cair em graça do que ser engraçado" é um realidade. Que o diga o Sr. Senhor Secretário da Saúde e Assuntos Sociais. Não, não é ele que é engraçado!!! mas sim a sua top model assessora de imprensa.

Desde, pelo menos, o início da construção do parque do Hospital que se sabe que a maioria dos serviços desta secretaria passariam para os pisos superiores desse mamarracho que é o parque de estacionamento do Hospital.

Enfim, a RTP-Madeira abre o Telejornal de hoje com uma notícia que nem é deste secretário! Depois de vários tiros nos pés, finalmente o Secretário consegue justificar, por 10 minutos... o vencimento da sua assessora.

domingo, 20 de janeiro de 2008

Atrasado mental?

PND garante que vai ultrapassar filiados do CDS

Manuel Monteiro admite mudar nome do partido
Data: 19-01-2008

O presidente do PND, Manuel Monteiro, disse hoje à agência Lusa que o partido vai ultrapassar o número de filiados do CDS-PP e poderá acrescentar ao nome a referência "Aliança Popular".

"Vou ultrapassar as filiações do CDS", garantiu Manuel Monteiro à Lusa, à margem de visitas às feiras da Trofa e de Custóias, Matosinhos, para angariação de novos militantes.

Manuel Monteiro referiu que o PND começou esta campanha de angariação de militantes com 1.200 inscritos e já tem cerca de 3.400.

"Em finais de Fevereiro vou poder anunciar que deixarei de ser um partido pequeno", afirmou, manifestando-se convencido de que o PND irá ultrapassar os "6.300 ou 6.400 militantes anunciados pelo CDS".


O Tribunal Constitucional (TC) notificou dia 12 todos os partidos para provarem no prazo de 90 dias que têm pelo menos 5.000 militantes, sob pena de serem extintos.

Vários partidos, entre os quais o PND, recorreram desta decisão, por considerarem que se baseou numa lei "injusta e inconstitucional"."Até podem mudar a lei e obrigarem o PND a ter 7.500 ou 10.000 filiações, que eu vou consegui-las.

Que fique claro", frisou Manuel Monteiro, referindo que a decisão do TC "veio contribuir para acordar a Nova Democracia".

Manuel Monteiro admitiu convocar um congresso do partido para acrescentar ao actual nome a designação "Aliança Popular", como forma de agradecer o apoio do "povo simples".

"Estamos a ter uma adesão que testemunha o sentimento de profunda revolta da população portuguesa. É o povo simples que está a aderir à Nova Democracia, que vai passar a ser o partido dos feirantes e dos ciganos", realçou.

"Sou um homem de direita, mas a pseudo-direita e a pseudo-burguesia viraram-me as costas. Não vou esquecer o apoio da comunidade cigana, que vem mostrar que este partido não é racista, não é xenófobo, há lugar para todos", frisou.